17 janeiro 2011

'Já chegou contando as horas, bebeu água e foi-se embora e nem se despediu de mim...'

16 janeiro 2011

Hoje ela sorriu e eu sorri. Como em todas as vezes que nos encontramos seja lá qual for o lugar. Eu sinto como se fosse a última vez, mesmo não sendo. Queria que comigo ela fosse embora. Deixei dois pontos um em cima do outro quando fui da primeira vez. Deixo uma vírgula quando for de novo, se eu conseguir ir e deixá-la aqui pra me colocar em um lugar que quando as pessoas se encontram não sorriem. Vou deixar um mar de alegria por um laguinho precário de sentimentos mesquinhos. Eu não sei se sinto desprezo ou pena de mim mesma por julgar o laguinho tão ruim. Queria que as cores e o céu e o mar e a vida fossem feitos para passar a mensagem de paz e amor sempre. Queria que ela continuasse comigo não por muito tempo no abstrato. Queria mais concreta ao meu lado. Queria pegar no seu braço e puxar e desencadear um abraço. A unica coisa que hoje me faz pensar em ficar. Mais que uma amiga, ela é uma irmã. Irmã que Papai do Céu trocou na maternidade, trocou de papai e de mamãe, mas deixou o coração. Choro.
Eu fui entrelaçando os dedos e fazendo com que os ossos se juntassem da maneira mais apertada possível para que a tensão se movesse da pressão dos dentes uns sob os outros e fossem para as unhas e assim as marcas de sorrisos ficassem sobre a pele da mão. Senti um arrepio vindo dos pés até a minha cabeça. Inclinei a coluna para trás como se alguma coisa puxasse o meu tronco involuntariamente e minha barriga foi ficando gigante de tal forma que meu umbigo ficou extenso. Depois meu corpo foi se acalentando nos pensamentos dos momentos bons vividos entre o mês de março e agosto. A gosto de Deus essa tortura de fundiu na hora em que me levantei e clamei por paz interior e exterior. Pensei em pedir desculpas pelos pontapés existentes nas bundas de algumas amizades que hoje, por mais que o tempo tenha passado, se tornaram inimizades. Pedi desculpa ao mar por deixá-lo tão só e me despedi do sal gostoso que me lembrava tempos difíceis. Voltei para casa e me banhei de água doce. Ela me lembrou das coisas que tirei do coração. Tirei e quero colocar de volta metade, mas a outra metade quero que se agarre nos grãos de areia mais profundos do fundo do mar gigante. Me enxuguei e senti vontade de deixar a coluna ereta. Não falo nada, ouço o que é necessário e vejo o que for preciso para aprender a ficar cega. Como pode depois de tanto tempo eu respirar como se fosse a primeira vez e querer que tudo volte ao normal como a primeira vez, e querer que tudo volte, e querer que tudo me aceite de volta. Passaram dias. Eu voltei e bati na porta de quem mais achei que era verdadeiramente amigável. Encontrei não uma, mas duas pessoas. Não sabia se sentia calma ou turbulência, meus neurônios se fundiram num curto espaço de tempo e depois do 'Oi, como vai?' veio um 'Tenho que ir, tá na minha hora!'. Desejo de ficar, necessidade de partir. Percebi daí então que quando um não quer dois não brigam, mas quando dois querem tudo fica tão perfeito que só Deus consegue explicar. Tudo mudou, mas tá tão diferente. Se encaixou um dia, baguncei no outro e hoje quero adivinhar os passos para remontar o quebra-cabeças de uma vez, colar com uma cola bem certeira e fazer com que nunca diga nunca quando eu quiser chutar. Difícil entender quem lê e não tem amor pelo que perdeu.